O relatório da Grua insights sobre a escassez de mão de obra na construção civil foi assunto de um webinar com as presenças de:
- André Quinderé, CEO da Agilean
- Danilo Lorenceto, COO da Incorporadora Lozza
- David Fratel, conselheiro do SindusCon-SP e diretor técnico da Kallas Engenharia
Transmitido pelo canal da Agilean no YouTube e mediado por Bruno Loturco, diretor de conteúdo da Grua Insights, o webinar apresentou as visões dos executivos sobre os resultados do levantamento, assim como reflexões sobre os desafios que o setor enfrenta na busca por profissionais qualificados.
A pesquisa realizada pela Grua Insights com mais de 140 construtoras no Brasil revela que 94% das empresas estão enfrentando escassez de mão de obra. Essa escassez está causando atrasos nas obras e aumento dos custos (74% das empresas estão aumentando os salários dos operários).
Visões sobre a escassez de mão de obra na construção civil
Fratel acredita que existe mão de obra em abundância no país, mas que há, sim, problemas de formação desses profissionais. É uma questão de qualidade, não de quantidade.
“O país que tem, hoje, seis milhões de jovens que estão em casa, nem trabalham, nem estudam, está certo? Estão lá. Por que nós, da constituição civil, não vamos lá e captamos esse jovem, capacitamos esse jovem e trazemos esse jovem para o seio da construção civil? Eu acho que o que está faltando na construção civil não é mão de obra, é mão de obra qualificada”.
Essa visão é corroborada por Lorenceto. Ele recorda que as reclamações sobre escassez de mão de obra já existem há anos em um contexto de problemas com a produtividade no setor. Além disso, a informalidade e a falta de industrialização nos canteiros contribuem para a percepção do problema de falta de mão de obra.
O dilema de produtividade
“Precisamos conhecer bem as causas da crise de produtividade para tratá-las de forma específica”, argumenta David Fratel. “Há uma crise muito forte de falta de produtividade e de falta de planejamento”.
Quinderé acredita que a gestão tem o poder de mudar a realidade da produtividade dos canteiros de forma significativa. “Com o lean construction, conseguimos medir o antes e o depois da implementação de ações, de melhorias no fluxo de produção”, aponta.
“Nesse cenário de escassez de mão de obra, a gente tem que gerenciar, treinar bem a mão de obra e tornar a indústria atrativa para essas 6 milhões de pessoas”, ele complementa.
Salários em alta
Diante disso, 74% das construtoras estão aumentando os salários para atrair e reter profissionais qualificados, revela o levantamento da Grua Insights. “Os percentuais variam um pouco, em até 10%, mas tem gente até que está aumentando perto de 50%”, revela Loturco. No entanto, a oferta de salários maiores precisa acontecer junto ao aumento de produtividade.
“Aumentar salário não resolve o problema de produtividade. Precisamos investir em industrialização e capacitação. Você não compra competência”, argumenta Lorenceto. Fratel segue pelo mesmo caminho:
“Salário não aumenta a produtividade, ao contrário, a pessoa precisa produzir mais para ganhar mais. Precisamos conhecer bem as causas da crise de produtividade para tratá-las de forma específica”, diz.
Industrialização dos canteiros
Para Danilo Lorenceto, investir em métodos industrializados e novas tecnologias é fundamental para tornar o canteiro de obras mais atrativo. “Nós chegamos da charrete ao carro e ao robô que constrói o carro. O quão difícil isso é traduzir isso para um canteiro?”, reflete. “Não é uma coisa que conseguimos fazer de um dia para o outro”.
André Quinderé avalia que a industrialização e a gestão devem andar de mãos dadas. “Mesmo quando você tem um método industrializado, você vai precisar de gestão”, sublinha. “Temos que investir na formação dos nossos engenheiros para que a gente comece a ter mais gestão dentro das nossas obras, tendo que investir na experiência dos nossos colaboradores, dos nossos operários da construção civil dentro do canteiro, na digitalização e na simplificação dos processos”.
Já David Fratel apontou que a questão tributária também é um fator relevante para a baixa industrialização do setor, que precisa se movimentar. “Quantos movimentos a construção civil já fez para chegar lá no Congresso Nacional e exigir que se tenha isenção de IPI, de impostos, de ICMS, para produtos que são pré-industrializados e industrializados para a montagem no canteiro?. Não vemos esse movimento”, relata.
Como lidar com o problema?
Os participantes do webinar também apontaram possíveis caminhos para lidar com as causas e consequências da escassez de mão de obra na construção civil. Para Fratel, capacitar jovens e investir em industrialização são passos essenciais para resolver a crise. “A gente tem que melhorar a eficiência, desempenho, a gente tem que ter lean dentro das obras”.
Ele reforça a necessidade de levar os jovens até a construção civil, em vez de tentar o caminho oposto. “A gente tem que mudar o jeito de fazer as coisas para que o jovem chegue. A gente tem que digitalizar a construção civil ao máximo. Qualquer jovem gostaria de entender o modelo BIM, trazer o modelo BIM para a realidade e operar um robô”.
Lorenceto avalia que as empresas também precisam se ajustar. “Se a gente não conhece os detalhes do nosso negócio, nós vamos falhar. A maioria das pequenas e médias empresas da construção civil não conhece os detalhes dos seus negócios. Se conhecessem, investiriam em industrialização, em capacitação e no lean construction”.
Por fim, Quinderé avalia que dentre os vários caminhos apontados para lidar com os problemas de escassez de mão de obra na construção civil, a gestão é imprescindível. “Eu vejo que quando você já tem algumas variáveis postas, a gestão é uma forma de que você consegue, mesmo já tendo um projeto definido, já tendo ali uma uma metodologia construtiva definida, ter incrementos de produtividade”.
Confira o relatório e assista ao webinar
Para conferir o resultado do levantamento e ler o report sobre a escassez de mão de obra na construção civil, é só clicar aqui! Confira abaixo o vídeo completo do webinar no canal da Agilean!