A engenheira Natalia de Dios é Gerente de Processos e Qualidade da Dimas Construções. Entusiasta e especialista em digitalização de processos, ela nos contou como se deu a virada de chave na maneira de pensar em produtividade na construtora.
Confira como ela entende a digitalização de canteiros e não deixe de acompanhar a apresentação do case da Dimas na Imersão em Canteiros Digitais, da Grua Insights.
No processo de se tornar uma especialista em digitalização de canteiros, qual experiência mais te marcou?
Bem, tudo começou em 2015, mas a experiência que mais me marcou foi ser PO (project owner) do projeto “canteiro HighTech”. Tive que desaprender e aprender muito rápido. Foi uma virada de chave, uma mudança de mentalidade que me acompanha até hoje. Entender que arriscar é errar, que o erro é aceito, porém não pode ser repetido. Que trata-se de aprender com o erro e ter agilidade para recalcular a rota e nunca desistir do objetivo porém não se “apaixonar” por nenhuma solução em particular.
Na sua percepção, qual a melhor maneira de descobrir o que precisa ser feito?
Conversando com as pessoas. Não tem outro jeito. É bastante difícil identificar, no dia-a-dia, como seu trabalho pode ser melhorado porque sempre estamos no “automático”, mas quando você treina e dá ferramentas para as pessoas identificar o que pode ser “deixado de fazer” (eliminar da rotina) ou fazer diferente (diminuindo o tempo gasto nessa tarefa), os gargalos começam a aparecer, inclusive começa a ficar mais claro onde haverá mais ganhos no processo.
Nesse processo, foi preciso convencer seus superiores?
Na verdade, o processo funcionou realmente porque começou top-down. Precisa ser assim para dar certo. É da natureza das pessoas ter resistência as mudanças, então num primeiro momento tem que ser dessa forma. Agora, para ser um processo sustentável, as pessoas precisam se engajar e é neste momento onde se dá poder a elas. Na realidade, quando os resultados começam a aparecer, e eles aparecem a curto prazo em muito casos, ali se ganha o jogo.
Se precisasse destacar um ponto para dar mais atenção, qual seria?
Pessoas, pessoas, pessoas. Sem exagero. Como comentei, pessoas tem backround, convicções, perfis diferentes, então é necessário “nivelar” todo mundo, passar a régua e virar a chave, e isso trabalhando com recursos humanos dos mais dispares e com experiências muito diferentes.
Quais indicadores te ajudaram a ver que estava no caminho certo?
- Índice de desempenho de custo;
- Índice de desempenho de produção;
- Índice de Não-conformidades de qualidade.
As lideranças dentro do canteiro engajaram no processo?
Sim, surpreendentemente a última pessoa que eu imaginava, o mestre de obras que nem smartphone usava. Ele abraçou a mudança e foi o embaixador dela dentro do canteiro. Sempre digo que, no geral, temos tendência a subestimar os colaboradores dentro do canteiro. Mas quando os primeiros resultados aparecem, se jogam de cabeça na mudança, não ficam desconfiados ou relutantes.
Que erro você vê sendo cometido com frequência por quem começa a pensar em digitalização?
Vejo muitas construtoras adotando tecnologia porque todo mundo está adotando, mas sem parar para pensar o que realmente querem com isso, quais as dores que querem resolver. Outro erro comum é a “infoxication”, ou seja, gerar informações demais e se perder nos dados, sem chance de analisar corretamente e atrapalhar o processo de tomada de decisão.
Onde você busca inspiração?
Veja que inovação não necessariamente é tecnologia. Toda inovação que provoque uma melhoria real é válida. Meu gosto pela inovação começou na universidade quando fui bolsista do Laboratório de Sistemas de Apoio à Decisão do depto de Engenharia de Produção e Sistemas. O professor responsável nos mostrou um vídeo da construtora Castelo Branco, de Fortaleza se não me engano, onde o Lean Construction era aplicado em todas as áreas e frentes de trabalho. Este é o primeiro passo, transformar o canteiro com pensamento enxuto e depois subir a régua implantando tecnologia para acelerar e aperfeiçoar mais ainda.
Como imagina os canteiros de obra em três a cinco anos?
Acredito que teremos uma adesão de 100% das construtoras em algum nível de digitalização, ou como prefiro chamar, de digitização. A tendência é a execução de obras ficarem mais rápidas e mais complexas e com isso a digitização vai ser obrigatória e não mais uma opção. Teremos um aumento da industrialização e mudanças nos sistemas construtivos, e os protagonistas precisaremos nos adaptar rapidamente. A teoria da evolução das espécies vai ficar mais evidente no setor: a sobrevivência não será dos mais fortes, será daqueles que se adaptarem mais rapidamente.
Natalia de Dios é instrutora confirmada para a Imersão em Canteiros Digitais
Nos próximos dias 2 e 3 de dezembro, a Grua Insights irá promover a primeira Imersão em Canteiros Digitais, que tem como proposta indicar caminhos e qualificar profissionais para iniciar ou dar o próximo passo na digitalização de seus processos de obra.
A engenheira Natalia de Dios vai apresentar o case de digitalização da Dimas Construções. Na ocasião, ela mostrará na prática quais foram as oportunidades encontradas, como se deu o processo de implementação e controle e os ganhos atingidos.
Para saber mais sobre a Imersão em Canteiros Digitais e se inscrever, acesse o site https://gruainsights.com/conteudos/imersao-em-canteiros-digitais/